sábado, 6 de agosto de 2011

Fora de foco, por dentro

Tentamos desfaçar a perplexidade, o desalento que cerca cada indivíduo, enterrando em nossas mentes tudo que leva em si traços daquilo que o senso comum disfarça e toma como inverdades e sublimações. A humanidade teme a solidão, pergunta-se ao filho que mora longe se ele não quer vir para perto, pois onde se está é um lugar de solidão, desalento e tristeza! Diz a mãe aflita com o estado solitário do filho ou será apenas com a sua própria? Aquela inaudita, comum a maioria. Mas não se pode falar sobre isso, pelo simples fato de que existe uma deselegância nesses assuntos, algo neles que quebram a paisagem estável e previsível do nosso horizonte objetivo. Esse que rodeia todas as classes sociais, se por hipocrisia ou ignorância não importa pois não exime os culpados, que jogam no ar essa neblina inebriante, que traz consigo um profundo sono.
Sobra-se assim as festas, as cervejas, os bons empregos, os amigos dos quais nascem apenas conversas estereis, os sorrisos, o bom dia que já não traz em si o interesse verdadeiro, apenas o vazio, que de tão batido perde-se sua conotação de bom e torna-se só mais um lugar, que de tão comum sobra-se pouco ou nada mais para se dizer, vive-se dessa forma apenas a repetição. Reflete-se assim o vazio alheio, que de tão cotidiano não se pode mais se dizer alheio mas sim uma praga, um vírus que se espalha em meio aos povos contaminando e disseminando aquilo que carece de uma definição, mas que se sente e com um olhar mais apurado até se reconhece.
Quantos podem dizer que realmente ouvem, enxergam ou sentem?

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