sábado, 27 de agosto de 2011

Lado direito do cérebro

Nunca tive habilidade para desenhar. Meus desenhos sempre se limitaram aqueles cinco pauzinhos com uma circunferência em cima, que de acordo com o senso comum representa a cabeça, com pingos no lugar dos olhos e um traço esboçando um ar triste ou alegre.
Até um dia desses que assisti uma palestra sobre como funciona nossos dois hemisférios do cérebro e como tenho a mania de sempre tentar colocar em prática tudo aquilo que tenho como verdade, me obriguei a fazer algumas tentativas.
Na primeira desenhei, sem muitas expectativas, meu próprio pé; e ele na mesma posição que me encontrava ao assistir o vídeo da palestra, para a minha surpresa, seguindo o que havia sido dito consegui vislumbrar semelhanças entre meu pé e aquele que desenhei. Cético ainda sobre o assunto parti para uma coisa mais substancial, a foto que estava na minha área de trabalho do computador e para a minha surpresa já não mi limitava mais a pequenos bonequinhos em forma de palitos esboçando sorrisos com traços para cima ou tristeza com os mesmos traços para baixo.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

O branco do papel e o desespero da alma.

Quando a vida é uma sucessão de escolhas erradas.
Quando tudo que queremos é redenção.
Quando descobrimos que não sabemos muito.
E que aquilo que sabemos é apenas um pouco do tudo que desconhecemos.
Quando as vozes não se calam.
Quando tentamos mas falhamos.
Quando falhamos várias vezes; anos a fio.
Quando tudo que queremos é apenas o tesouro das crianças.
E fazer a casca se desfazer em inocência.
Quando não conseguimos sozinhos.
Quando clamamos por ajuda.
Quando todas as vozes se transformam em gemidos de socorro.
Já não há folego para se gritar e tudo que nos sobra é um balbuciar.

Então quando nos são dados papeis para fazermos nossos pedidos percebemos não haver canetas, sozinhos em nossos desalentos e desesperados em busca da saída, só nos sobra então a ousadia da fé e mesmo sem canetas escrevemos nossos pedidos, sem tinta.
Apenas inclinamos nossas cabeças no papel em branco, na ousada situação, sussurramos nossa prece, pois sabemos que para onde ela vai, para além de nossas percepções, não é necessário tinta, apenas um coração que busca a sinceridade.

sábado, 6 de agosto de 2011

Fora de foco, por dentro

Tentamos desfaçar a perplexidade, o desalento que cerca cada indivíduo, enterrando em nossas mentes tudo que leva em si traços daquilo que o senso comum disfarça e toma como inverdades e sublimações. A humanidade teme a solidão, pergunta-se ao filho que mora longe se ele não quer vir para perto, pois onde se está é um lugar de solidão, desalento e tristeza! Diz a mãe aflita com o estado solitário do filho ou será apenas com a sua própria? Aquela inaudita, comum a maioria. Mas não se pode falar sobre isso, pelo simples fato de que existe uma deselegância nesses assuntos, algo neles que quebram a paisagem estável e previsível do nosso horizonte objetivo. Esse que rodeia todas as classes sociais, se por hipocrisia ou ignorância não importa pois não exime os culpados, que jogam no ar essa neblina inebriante, que traz consigo um profundo sono.
Sobra-se assim as festas, as cervejas, os bons empregos, os amigos dos quais nascem apenas conversas estereis, os sorrisos, o bom dia que já não traz em si o interesse verdadeiro, apenas o vazio, que de tão batido perde-se sua conotação de bom e torna-se só mais um lugar, que de tão comum sobra-se pouco ou nada mais para se dizer, vive-se dessa forma apenas a repetição. Reflete-se assim o vazio alheio, que de tão cotidiano não se pode mais se dizer alheio mas sim uma praga, um vírus que se espalha em meio aos povos contaminando e disseminando aquilo que carece de uma definição, mas que se sente e com um olhar mais apurado até se reconhece.
Quantos podem dizer que realmente ouvem, enxergam ou sentem?