Se alguém vem a mim, e
não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e
irmãs, e até mesmo a própria vida, não pode ser meu discípulo.
(Lucas 14:26). Apego tende a ser nosso primeiro aprendizado nesta
vida. Mesmo antes de nascer nos apegamos ao conforto da barriga de
nossas mães, e saímos de lá, para entrar neste mundo, aos prantos.
No entanto o desapego deveria ser realmente nosso primeiro
aprendizado, pois se somos retirados de nosso aparente conforto e
jogados em um mundo frio, de aparência pouco acolhedora e povoado
por estranhos, deveríamos ser as mais desapegadas das criaturas,
porém, tendemos a não atentar para isso. Todos os fatores que se
seguem nos guiam para o apego, talvez pela solidão que já se
apresenta tão próxima, nos apoderamos de nossas mães em primeiro
lugar, ela se torna nosso refúgio, nosso ponto de conforto e alento
e logo descobrimos que gritar aos quatro ventos e a todo os pulmões
a atraímos para perto. Entramos assim no constante jogo de uma vida
onde tendemos a nos apegar a tudo que de alguma forma gere em nós as
minimas sensações de conforto. Uma doutrina parte das mais diversas
fontes nos dizendo que isso ou aquilo irá nos satisfazer, daí em
diante nos tornamos cada vez mais insatisfeitos, pois por mais que
essa seja a voz de comando do mundo que nos cerca, lá no fundo de
nós mesmo outra voz diz que não, fala que todas essas pessoas e
coisas jamais poderá nos satisfazer,
Seguimos nossa
jornada buscando fora o que deveríamos ter em abundância dentro. E
quanto mais obstinados formos nessa busca exterior tanto mais avaros,
possessivos e infelizes tendemos a ser. Cristo falou e viveu o
desapego. Não se apegou nem mesmo aos que o seguiam e em dado
momento até a eles perguntou “Não quereis, vós também
retirar-vos?” (João 6:67), peguntou Jesus, aos que ficaram, depois
de muitos voltarem atrás e não mais andarem com Ele. Desapego não
só das coisas e pessoas mas também de si mesmo, como Paulo nos diz
na carta ao Filipenses “ mas a si mesmo se esvaziou”(Filipenses
2:7); sendo assim não apenas falou mas fez. E chama a cada um de nós
a fazer o mesmo, a nos desapegarmos, em buscarmos um encontro
verdadeiro com o Altíssimo e rompermos essa grossa barreira que
criamos entre nós e Ele. Voltar aquela simplicidade, que parece tão
distante, no falar, no agir, no ser; a contramão da estrada deste
século.