sábado, 17 de dezembro de 2011

Tempos e Propósitos


Revendo uns escritos antigos de uma outra época. Um tempo de outras vivencias. Tempo de lutas internas e externas, que nem eu compreendia. Hoje nem se quer me lembrava de que tudo aquilo havia acontecido. Foleando e relendo o passado, vi o quanto Jesus Cristo trabalha em nossa vida. Mesmo nos momentos em que não percebemos. Principalmente nos tantos momentos não percebidos.

Segue a baixo trechos,transcritos de quase dez anos atrás. Eu mesmo me surpreendi com o que lia. Ao ver, parecia estar lendo a história de uma outra pessoas da qual já não me lembrava. Da qual sabia, onde a permanência naqueles caminhos levariam.

                    ...mas a tristeza do mundo opera a morte. [1]
                                                                    
                                                   ...

Trechos esparsos de um contexto passado.

Data provável: 2001/2002

Primeiro não sabia o que queria, apenas sonhava, agora nem sonho mais. Os sonhos me abandonaram. Ou será que eu abandonei os meus sonhos?

Não sei se a confusão está dentro de mim ou fora, no mundo, onde eu estou projetado e ao mesmo tempo deslocado e perdido.

Dói não dominar as explicações. Minha mente trabalha de forma incontrolável, voraz, sagaz, ela já não é a mesma, meu corpo já não é o mesmo. Uma reação em cadeia foi iniciada e já não pode mais ser controlada. As rédeas se soltaram e já não as consigo encontrá-las

Me perdi dentro de uma realidade distorcida. Um sonho mal realizado. O temor de não saber o que se teme. A fome, não a física uma outra maior, inexplicavelmente maior.

A face invisível da melancolia se apresenta pela primeira vez. E depois de vista nunca mais será esquecida.

Sua força em meu peito só pode ser comparada a criação de um universo, que sai de você e se torna exterior, independente. Dentro o que sobra é escuro, vazio e úmido.

Não sei mais o que sinto. Não sei se quer se sinto alguma coisa. Porque a tempestade sempre volta, trazendo consigo escuridão, frio e medo e sempre leva para si, algo que você achava ser valioso.

Agora o objetivo é conviver com a chuva fria que cai, só que agora triste, sozinho e num terreno espinhoso. Atrás apenas rastros de pés descalços e cansados demais para aguentar. Agora é só você e Deus.

O tesouro que você encontrou não vale mais nada. E depois da tempestade, todos os navios afundaram.

Não vejo a dor que sinto mas percebo suas feridas abertas deixadas por ela diariamente. Como conviver com isso.

Existem perguntas vitais sendo feitas. Me sinto tão fraco e vulnerável. As vezes não sinto o chão sob os meus pés, sei que isso é aquela linha invisível e ténue entre a loucura e a sanidade. Questões atormentam minha mente, noite e dia. Não começou ontem ou anteontem mais sim há anos. Anos de uma loucura muda, que grita dentro de um peito a espera de uma resposta. Anos de agonia, anos que a tempestade veio e a calmaria se foi e nunca mais voltou. Onde o sol parece nunca brilhar.

Vivêncio o desespero permeado por silêncio e dor. Silêncio meu e dos outros. Uma dor muda. Muda pois os ouvidos à volta, dos que tais dor sentem, sempre se fazem surdos demais, já que na verdade ela grita, esbraveja e reluta usando as últimas forças que lhe resta mas ninguém ouve e ninguém vê. Alguns talvez sintam mas não se sentem capazes de fazerem nada.

Sentimentos contrários explodem no meu peito o tempo todo. Mudar é tão difícil, continuar mais ainda.
                                                     ...

Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar... [2]

Vi que ao ler meus próprios escritos não reconhecia em mim, hoje quase dez anos depois, o mesmo pessimismo a mesma pessoa. Tais coisas era de um tempo em que Deus era apenas uma ideia distante e distorcida da qual eu fugia com todas as minhas forças conscientes e inconscientes.
Um Deus ao qual, mais ou menos um ano após esses trechos, eu decidiria abraçar e com todas as minhas forças agarrar e compreender seus planos para mim e para os que me cercam. Vi uma evolução acontecer nem rápida demais, que de alguma forma eu não pudesse assimilar e viver. Nem lenta demais de forma que eu pudesse desanimar de suas metas e seus caminhos. Perfeita em seus tempos e propósitos.

Um tempo e um caminho certo havia sido traçado. Não entendi tudo que se passou nesse tempo. Mas de uma coisa eu sabia que Aquele mesmo, que me chamou de tão densas trevas, me sustentaria e me fortaleceria nesta nova jornada.

As dúvidas, do mesmo jeito que se formaram, pareciam com perseverança, se dissiparem. Transformando-se em certezas tão arraigadas que nem as maiores tempestades poderiam abalar. Já que meu novo refúgio era o Altíssimo.

As mudanças de Deus trazem vida e descanso para nossas lutas e aflições. Geram em nós, vasos de barro, um tesouro Dele e para Ele e mesmo que o vaso se quebre Suas mão são abeis para consertá-lo e seu tesouro nunca se perde pois jamais será arrebatado de Suas mãos. Hoje entendo o significado de: Minha alegria é o Senhor.

Fonte:
[1] – [2] 2 Coríntios 7:10

sábado, 3 de dezembro de 2011

A Lógica das Crianças

Pai reforma apartamento do térreo.
Depois de algum tempo, conversa com filho de seis anos no corredor do segundo andar, onde eles moram.
O pai diz: Acho que vamos nos mudar lá para baixo. O que você acha?
O filho de seis anos diz: Não.
O pai pergunta: Por que não?
O filho responde: Não, porque não!
O assunto se encerra.
A lógica irrefutável do filho parece prevalecer.
Tudo que se ouve agora no segundo andar do corredor daquele prédio é pai e filho em um profundo silêncio.
O filho já brincando com alguma outra coisa.
O pai, por sua vez, em uma reflexão que parece durar muito tempo.

Não é atoa que o Reino dos Céus pertence as crianças.

Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
Mateus 19:14